"O corte de gastos não chegou às cozinhas dos palácios presidenciais. O governo federal vai gastar mais de R$ 215 mil na compra de itens de prata como 22 "réchauds" (recipientes para manter a comida quente) orçados em mais de R$ 4.300 cada um, dez colheres de servir ao custo individual de R$ 303 e cinco espátulas para bolos com preço unitário calculado em R$ 1.166.Os utensílios serão usados no Palácio do Planalto e nas residências oficiais do Palácio da Alvorada e da Granja do Torto".
Da colunista política, Mônica Bergamo, na Folha.
O Baile da Ilha Fiscal (quadro de Francisco Figueiredo) foi organizado com requinte e muita pompa e excentricidade, o que teria servido como o derradeiro pretexto para o fim da Monarquia e a Proclamação da República, que aconteceu 6 dias após o baile.
Certa noite estava no apartamento do Sérgio Bonson, o artista, que ficava no 15 andar de um prédio ali na Anita Garibaldi, quase esquina com a Hercílio Luz. Conversáva-mos sobre arte e bebíamos, ele pouco, pois o médico havia recomendado apenas 3 garrafas de cerveja por semana. O que é uma judiaria! Aconselhei-o a trocar de médico. Parece que não surtiu efeito, morreu uns dois meses depois.
Lá pela meia-noite resolvi chamar um táxi. Ia para para o Campeche, onde moro. Chamei o "Presença", meu taximetrista de estimação. O Presença falou que não poderia me atender mas que eu podia ir até o ponto da Praça XV que o Paulo estaria esperando para me levar. Me despedi do Bonson e parti. Chamei o elevador e quando a caixa abriu vejo um cara enfiando uma banana inteira na boca. Entrei, dei boa noite e ele não conseguia me responder pois estava com a banana atrolhada na boca. Ri e comentei:
-Tá com o fome o amigo, heim? Depois de engolir a fruta, me olhou, riu e disse:
- Porra, estou trabalhando desde às 6 da manhã, não consegui nem almoçar e agora, 11 da noite, que tive um tempinho vim na casa da minha irmã jantar. Parece maldição, quando sentei para comer recebo um telefonema de um colega dizendo que tenho que levar um filho-da-puta lá Campeche!
Queridos leitores e blogueiros/parceiros. Depois de fazer uma merda no meu código fonte (HTML) acabei tendo problemas e o cangablog começou a funcionar mal. Tipo: a não atualização do cangablog nos outros blogs. Para solucionar o problema mudei o meu endereço de URL.
Por favor leitores entrem neste novo endereço e salvem em seus favoritos. Blogueiros amigos e inimigos adicionem o novo endereço. O nome continua o mesmo: cangablog.
O prefeito Dário Berger empossou hoje à tarde (13/3) o engenheiro e advogado Gerson Basso na superintendência da Fundação Municipal do Meio Ambiente (Floram) e pediu dinamismo nos projetos, programas e ações de interesse coletivo.
O Gerson Basso é aquele militante político que diz que é verde (PV) mas na verdade muda de cor ideológica como quem troca de cueca: todos os dias.
Tem uma coisa que está caraminholando aqui na minha cabeça. Agora que o Lula resucitou o Collor, e o senador já está mostrando toda a sua competência política para ocupar espaços no Congresso Nacional, fico desconfiado de que elle não era aquele demonho todo que a Globo e os partidos políticos pintaram. Leio nos jornais que o ex-presidente, apeado do poder por ladrão, em seu primeiro ato como presidente da Comissão de Infraestrutura do Senado impôs regras rígidas na sabatina dos indicados às agências reguladoras. Achei surprendente a decisão. O senador Collor, preocupado com a coisa pública, está exigindo um prefil mais honesto dos fiscais. Mas o que mais me chamou a atenção foi o voto contrário da senadora Ideli Salvati, à atitude saneadora de Collor (a inveja é uma merda).
Frente a tudo o que tenho visto nos últimos tempos, o mundo político de cabeça para baixo, chego a pensar que - depois de todos os mega escândalos pós Collor, vide mensalão, recheados de provas de corrupção e bandalheira - a cassação do homem foi uma injustiça, Afinal foi derrubado do poder apenas por uma nota fiscal de uma Elba.
Faz dez anos hoje que morreu Eloy Côrtes Gallotti Peixoto. Nascido no Rio de Janeiro, Eloy fez história em Florianópolis. Teve cursinho pré-vestibular, militou no movimento estudantil, foi repórter do jornal O Estado, fezparte do Jornal Afinal foi dono de bar, o Seca Afinal e assessor parlamentar. Convivi durante um tempo com o Eloy. Primeiro nos encontros diurnos e noturnos do Bar Roma que acolhia, no final dos anos 70 e início dos 80, grande parte da esquerda festiva da cidade. Mais tarde trabalhamos juntos na redação do O Estado e finalmente nos juntamos em um projeto alternativo que foi o Jornal Afinal em 1980. Inteligente e instigante, Eloy era bem nascido. Da família Gallotti de Tijucas. Durante o período em que militamos no Afinal tivemos várias divergências em relação a linha editorial do jornal. Ele defendendo uma linha mais porno política e eu (por incrível que pareça) uma linha mais moderada pois, afinal, tínhamos na igreja católica uma aliada para a distribuição do perseguido jornal. Nas discussões eu sempre estava em desvantagem devido ao tremendo conhecimento de história, experiência política e a inteligência atilada do Eloy. Mesmo assim nos degladiávamos em discussões intermináveis noite e garrafas a dentro. Eu acabava levando alguma vantagem: aprendia muito e rapidamente com ele. Era um sedutor da palavra. Foi um bom parceiro.
Foto do acervo do Celso Martins tirada em uma das noitadas do Roma.
Não fosse pelo cidadão íntegro, igualmente, pelo grande escritor brasileiro (catarinense é um detalhe) que você é, talvez eu não desse importância ao fato. A verdade é que desde que li a tua entrevista algo está roendo as minhas entranhas. De tal maneira isso está me incomodando que, sob pena de não fazer mais nada, decidi te escrever.
A par de cumprimentá-lo por dar início ao que se espera, seja uma longa sequência com escritores catarinenses, também pelo equilíbrio e sensatez de muitas respostas para questões que poderiam induzir facilmente ao pernosticismo, mostrando ainda que a passagem do tempo lhe acrescentou ao talento, uma cordialidade capaz de tornar a vida, de fato, digna de ser vivida.
Isso posto, com a mesma sinceridade e clareza que movem os justos, desejo fazer algumas observações.
Logo que mencionaram o teu cachorro “Pingo” acreditei que se criaria um clima semelhante aquelas entrevistas idealizadas pelo jornalista George Ames Plimpton e publicadas na famosa The Paris Review, a partir de 1953, em que se descrevia o cenário onde o escritor se encontrava e dois jornalistas (eles trabalhavam sempre em duplas) em várias sessões dissecavam a vida e a obra do entrevistado. Mas não foi o que aconteceu.
A primeira dessas coletâneas publicadas em livro foi no final daquela década e trazia nomes como Mauriac, Faulkner, Simenon, Moravia, Capote, Pound, T. S. Eliot, Huxley, Hemingway, entre outros. A Editora Paz e Terra publicou aqui cinco anos depois, republicou no início da década de 1970 e depois a Cia. Das Letras editou mais dois volumes no final dos anos 1980, acrescentando mais escritores.
Lá a revista era feita por americanos e para a população que falava inglês e morava em Paris. O primeiro escritor entrevistado foi E. M. Foster que exigiu as perguntas antecipadamente para poder meditar com vagar sobre elas. Claro, em função das respostas dadas se faziam novos questionamentos, mas tudo obedecia a um roteiro que estava calcado na obra do escritor entrevistado, era a sua essência e nem poderia ser diferente.
Sim, tinha bastante humor e descontração nos bate-papos. Falava-se dos personagens, como eram criados, como eram nomeados, como nasciam as histórias, como eram desenvolvidas. Falava-se dos “bloqueios” da criação, do tempo que se gastava para escrever um conto, um romance. Das motivações de cada um, se comparavam os vários autores com outros que lhes eram contemporâneos.Das influências e ninguém tinha “pudores” para nomeá-las e falar delas. Da convivência entre os autores, das influências ou não da crítica, dos simbolismos e das metáforas, do que estava dito ou implícito. Como era a “rotina” de um escritor.
Quando se terminava de ler aquelas conversas, se tinha um quadro bastante amplo da vida, da vivência, da arte, do estilo e principalmente, do que se constituía a obra de cada um.
Meu caro Silveira de Sousa, você começa logo afirmando “nunca me senti um escritor”, sei que está dito num contexto, mas não deveria haver exagero nem mesmo na moderação, você poderia falar da tua obra. Gostaria de saber, dito por você, tudo o que outros escritores já disseram sobre seus próprios livros. Se não te perguntaram sobre a literatura catarinense, você deveria ter falado mesmo assim, sabe por quê? Porque se nós não gostamos do que fazemos, não temos o direito de exigir que ninguém mais goste.
Foi por isso que decidi te escrever, porque sou um admirador da tua literatura e no bate-papo não se falou sobre ela.Nós só vamos sair dessa pasmaceira barriga-verde quando nos enxergarmos com “espírito crítico” porque o primeiro passo para a cura é sempre admitir a doença... E a “nossa” enfermidade ainda é ter vergonha se sermos escritores catarinenses.