26 fevereiro 2012

O passageiro

    Certa noite estava no apartamento do Sérgio Bonson, o artista, que ficava no 15 andar de um prédio ali na Anita Garibaldi, quase esquina com a Hercílio Luz. Conversáva-mos sobre arte e bebíamos, ele pouco, pois o médico havia recomendado apenas 3 garrafas de cerveja por semana. O que é uma judiaria! Aconselhei-o a trocar de médico. Parece que não surtiu efeito, morreu uns dois meses depois.
    Lá pela meia-noite resolvi chamar um táxi. Ia para para o Campeche, onde moro. Chamei o "Presença", meu taximetrista de estimação. O Presença falou que não poderia me atender mas que eu podia ir até o ponto da Praça XV que o Paulo estaria esperando para me levar.
   Me despedi do Bonson e parti. Chamei o elevador e quando a caixa abriu vejo um cara enfiando uma banana inteira na boca. Entrei, dei boa noite e ele não conseguia me responder pois estava com a banana atrolhada na boca. Ri e comentei:

-Tá com o fome o amigo, heim? Depois de engolir a fruta, me olhou, riu e disse:

- Porra, estou trabalhando desde às 6 da manhã, não consegui nem almoçar e agora, 11 da noite, que tive um tempinho vim na casa da minha irmã jantar. Parece maldição, quando sentei para comer recebo um telefonema de um colega dizendo que tenho que levar um filho-da-puta lá Campeche!

- Sabes o nome do passageiro? perguntei.

- Um tal de Canga! Respondeu indignado.