09 março 2008

Lily, Trujillo, Flora Tristã e Gauguin

Paul Gauguin e o seu Spirit of the Dead Watching

Acabei de ler Travessuras da menina má do peruano Mario Vargas Llosa. Gostei. Gostei muito. Segundo Vargas Llosa esse é o seu primeiro romance de amor. Escrito aos 70 anos a obra foi lançada em Madri, 22 de maio, com uma tiragem inicial de 300 mil exemplares. Lily, a menina má de Llosa é a personagem que costura o seu romance e suas andanças pela revolucionária Paris dos anos 60, na Londres das drogas, da cultura hippie e do amor livre dos anos 70, da Tóquio da Yakuza e de Madrid no período da transição política espanhola dos anos 80. Um passeio maravilho pelas grandes mudanças sociais e comportamentais que marcaram estas décadas e um grande passeio pelo amor.Nesta obra Vargas Llosa se diferencia de trabalhos anteriores como A Festa do Bode (sobre o ditador Trujillo da República Dominicana) e O Paraíso na Outra Esquina. Adota uma narrativa direta sem a presença da simultaniedade que tem nos seus dois últimos romances.

O Paraíso na Outra Esquina, foi talvez a obra de Llosa que mais me impressionou. Narra, baseado em fatos reais, a sofrida e fantástica vida de Flora Tristã, nascida em Arequipa, Peru e que se torna a primeira mulher libertária da europa. Flora era avó do pintor francês Paul Gaguin. Nunca se conheceram. Feminista, Flora Tristã estava à frente do seu tempo. Gauguin, pintor tardio, era corretor da bolsa de valores de Paris. Embora com vidas muito diferentes os dois buscavam a mesma coisa: a felicidade. Tiveram problemas nesta busca devido às rígidas condições sócioculturais do final do século XIX. O paraíso, como diz o livro, estava sempre na outra esquina.
A narrativa urgente de Llosa transforma o trabalho em um thriller. A cada capítulo conta as epopéias de cada um, num vai-e-vem de recordações e acontecimentos presente envolvendo o leitor em um jogo fantástico de raciocínio e atenção. Recomendo.

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