20 janeiro 2009

O despertar do "Moa"

O jornalista Moacir Pereira parece que despertou de um sono profundo. Desde sua primeira análise sobre a destruição ecológica da Ilha, os maus comerciantes, os descasos do governo com as questões fundamentais de preservação, a incompetência dos responsáveis pela realização da tão propalada "vocação turística" do pedaço e a panacéia de viagens e mercantilismo do estado praticada por Luiz Henrique mundo a fora, não para de surpreender os leitores.

Sabemos que muitas vezes os jornalistas sabem de tudo, da realidade do meio político e social que habitam mas acabam censurados, ou se auto censurando, pela empresa de comunicação para quem trabalham. Empresas estas comprometidas até a raiz do cabelo com seus anunciantes e principalmente com os governos de quem recebem polpudas verbas publicitárias.

Esse papo de imparcialidade da imprensa é papo pra enganar trouxa e hoje nem trouxa mais engana.Talvez seja a atitude mais hipócrita praticada pela imprensa essa de ética, imparcialidade e independência. Mas os jornalistas são empregados e não donos da empresa. Tem que rezar pela cartilha do patrão. Tudo que o Moa escreveu na sua coluna vem sendo denunciado por blogs, pequenos jornais e é voz corrente na população de Florianópolis. Só que quando tudo isso é escrito por um colunista do porte do Moa, no maior e mais importante meio de comunicação de Santa Catariana, a RBS, a coisa toma outra proporção. O assunto não para de repercutir e parece que de repente o Moacir se transformou no porta voz da população ilhoa que sabe dessas falcatruas e favorecimentos do poder público aos maus empresários há muito tempo.

Só não entendi aonde que a coisa pega. Qual o interesse da RBS em "detonar" os comerciantes, o governo e os maus empresários que corrompem vereadores, secretários e prefeitos. Nada aí rola de graça.

Reproduzo abaixo a lúcida coluna do Moa no DC de terça:

Texto da coluna na edição impressa do DC desta terça-feira, intitulada Matando os balneários:

A rua Bocaiúva ocupou função estratégica durante os séculos em Florianópolis. Continua hoje mais importante. Ao longo da história, acolheu descendentes alemães que ali construíram mansões, algumas preservadas, como a do falecido barão Udo von Wangenhein, preciosidade arquitetônica e ecológica que enriquece a paisagem da Ilha de Santa Catarina. Ou a conhecida chácara da Molenda e a belíssima residência que se transformou na Reitoria da UFSC a partir da década de 60 e depois foi cedida, servindo hoje ao comando do Exército. É uma via que atualmente abriga hotéis de bandeira internacional, restaurantes premiados, lojas frequentadas pela elite e pomposos edifícios. Ganhou milhões de citações da crônica esportiva por sediar o Campo da Liga, o popular “Pasto do Bode”, mais tarde estádio do Avaí. Ali mesmo, há 15 anos, funciona o Beiramar Shopping, outro ponto de extraordinária concentração popular.

Pois a rua Bocaiúva está transformada no símbolo da poluição descontrolada, da omissão do poder público, da ausência de autoridade e de uma apatia irritante da cidadania, geralmente silenciosa e cúmplice de crimes contra a natureza, o patrimônio e sua própria saúde.

É um dos exemplos mais fortes do processo de destruição da qualidade de vida na Ilha de Santa Catarina. E, pelos relatos de outros balneários, de muitos municípios que cresceram desordenadamente no litoral catarinense.

A irregularidade registra-se há três anos na rua Bocaiúva, confluência com a Altamiro Guimarães, portanto numa das esquinas do Beiramar Shopping. Mas repete-se na principal via pública de Canasvieiras e está acontecendo, com semelhante apatia, em outras praias estaduais.

Denúncias

Quando chove em Florianópolis, o esgoto in natura ali boia sobre o asfalto e sobre a calçada. Moradores já fizeram de tudo. Ligaram para a Casan, mas não receberam sequer um protocolo. Esperaram meses e nada aconteceu. O problema não era da Casan, alegaram, embora o esgoto da Casan esteja misturado às galerias fluviais e sendo todo ele destinado às águas da Baia Norte, liquidando a flora e a fauna marinhas. Denunciaram, então, à Vigilância Sanitária. Foram remetidos para a Polícia Ambiental. Esta, inteirada da grave ocorrência, endereçou os reclamantes para o Pró-Cidadão. Ali, para completar a tragédia da incúria, a atendente, certamente nova na cidade, sequer sabia onde fica a Bocaiúva com Altamiro Guimarães.

Um dos residentes nas imediações tem farta documentação, com fotos e filmes, desta calamidade pública. Juntou tudo, inclusive, ocorrências do início do ano e encaminhou a papelada com uma representação ao Ministério Público Federal.

Florianópolis tem uma grande votação econômica, alardeiam todos e enfatizam em todos os discursos as autoridades: o turismo. Investe milhões de reais dos contribuintes em viagens, propaganda, congressos, contratos com especialistas e todo tipo de evento. Mas até hoje, na maioria dos municípios do litoral, o cidadão comum e o visitante não encontram um único telefone, uma Ouvidoria, para denunciar e exigir direitos elementares de vida em sociedade ou de proteção de um patrimônio que é de todos. E que vai morrendo aos poucos pela falta de educação, pela omissão e pela mais absoluta impunidade.

O que está ocorrendo aqui numa das vias históricas da Ilha é mais uma prova da incompetência num negócio que hoje representa a salvação econômica de populações inteiras de vários países.

8 comentários:

  1. Pô, Zé, só tem rico na Bocaiúva. Lá eles moram e fazem compras. Vê se o Moacir e a RBS estão preocupados com o esgoto a céu aberto no Campeche, na Lagoa, nos Ingleses, em Canasvieiras.

    Abs.

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  2. O interesse da RBS é dinheiro. Parece que a Prefeitura não deu dinheiro (R$ 200 mil)para o Planeta Atlântida deste ano. Daí... "pau na prefeitura"

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  3. Olá, Canga!
    Olha só, o que o Dr. Roberto Marinho já dizia sobre a imparcialidade dos jornais na década de 80:


    No início dos anos 80, com a abertura lenta e progressiva da política, o jornal O Globo era criticado à boca-escancarada pela imprensa nanica. Denunciavam-no como grupo jornalístico a serviço da direita capitalista e neoliberal, que defendia o governo ditatorial Militar e Norte Americano. Intelectuais, artistas, escritores, jornalistas, políticos e assinantes, a boca pequena, também o faziam e se negavam a ir ou dar entrevistas às organizações Globo. Profissionais (da esquerda) que á época se negavam a trabalhar na empresa, hoje estão todos lá.

    Depois de escrever num editorial, sobre o parque gráfico do jornal O GLOBO, que era o maior da América Latina, as mudanças da forma de impressão, tipografia, clichês, o off-set e agora: a cor, o Dr. Roberto Marinho respondeu as críticas dizendo:

    “O jornal impresso através de seus editorais tem que espelhar a Ideologia Política - Científica de seus proprietários. O jornal que se diz imparcial ou de centro, através de seus editorais, é como um homem sem personalidade e sem caráter.”

    A grande mudança no jornalismo se deu a partir de então, os grandes grupos jornalísticos brasileiros tiveram que rever suas posições políticas - científicas nos seus editorais e se posicionarem como um veículo que espelha a visão de seus proprietários.

    O meu ex-colega, ex-diretor-redator chefe, Dr.Roberto Marinho era f...!

    Abraços.

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  4. O Damião comentou que o MOA matou o Barão errado.

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  5. J.L.CIBILS deixou um novo comentário sobre a sua postagem "O despertar do "Moa"":

    Eu já avia mencionado este fato acho que a um mes atrás, sobre o Sr. Moacir, ter acordado das profundesas e passar de elogiador este desgoverno a começar a sentar o Pau na molera, uma coisa é certa, é um fato relevante sim, a questão deste levante da RBS, pois não é normal, o costumeiro, é ou nao, mencionar tal fato escandaloso joga de baixo do tapete ou quando é um mísero assunto não muito relevante dar ares de coisa grandiosa.
    Vamos ver se o enredo vai continuar perante o ano vindouro.
    Seria de bom tom, o Sr. Moacir mencionar a Imprensa Alternativa ( Blogs ), que já vem alguns anos denunciando o que ele só agora, resolveu acordar.
    Em meu blog, eu já mencionei este curioso fato de um colunista deste kilate, só começar a detonar, depois de tanto escândalo rolando por ai.
    http://jlcibilsfotojornalismo.blogspot.com/

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  6. Acesso, diariamente, o blog do Moacir Pereira, mas não acredito na espontaneidade dos seus artigos. Aí tem coisa do Grupo RBS.

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  7. Acho que não estão pagando a RBS. Quando pagarem, ele se curvará compacentemente, como tem feito até aqui!
    Por que não apontou estas questões durante a campanha eleitoral?

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  8. Vcs estão viajando.
    Que história é essa de o Moacir acordar? Quando foi que ele deixou de dormir? Antes ou depois de viajar o mundo às custas dos governantes de plantão?

    E a RBS? Isso é acerto, queridos. Alguma grana deixou de rolar. Calma que o Dário é ligeiro. Daqui a pouco ele é bonitinho de novo...

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