Lamas, Blow-Up e bolinhas

O Véio Lamas com o meu amigo músico-performático Zé do Bêlo em um show que fomos juntos no CIC.

Ontem lembrei do Véio Lamas e senti saudades do amigo. Lembro de uma tarde, entre uma cerveja e outra, falávamos sobre o filme Blow-Up. Filme de Michelangelo Antonioni que apresentou o primeiro nu frontal do cinema. A triz da façanha era a cantora Jane Birkin. Começamos tentando lembrar o nome do autor do livro onde o filme havia sido baseado. Tava difícil até que liguei para alguém e o nome veio do outro lado: Júlio Cortázar.
Mas a discussão principal ficou para uma cena onde jovens com os rostos pintados simulavam um jogo de tênis sem a bola. Eu falava que a simulação era tão perfeita que parecia que tinha uma bolinha rolando por ali.
Daí o Lamas veio com a "teoria" de que, nas filmagens, existia realmente uma bolinha especial que não aparecia no filme.
Chute! Chute! Falei. A coisa foi esquentando e ele teimando. Aquele sabia teimar!
Depois de rirmos bastante sobre a sua teoria e dizendo que estava chutando, o Véio ficou quieto e de repente se levantou e saiu em direção a sua Kombi. Achei que havia se ofendido. Voltou,com aquela cara de triunfo contido e me deu de presente uma bolinha de um tipo de borracha dura que, quando pica no chão, fica realmente invisívil. Ainda acho que a bolinha do filme era chute, mas carrego o presente que me deu até hoje dentro do carro.