Não sei como o assunto caiu na Hebe Camargo e sua amiga a atriz Nair Belo. A viagem era longa, mais de 700 km dentro de uma ambulância e minha mãe, de 86 anos, a caminho de uma angioplastia de urgência não parava de falar. Eu na maca e ela na poltrona do acompanhante. Afinal quando cheguei a Quaraí ela estava há 4 dias em uma cama de hospital. Se negou a viajar deitada. Sobrou pra mim.
Os assuntos eram variados. Sobre a Hebe nos lembramos que ela e a Nair Belo, morta recentemente, não podiam se encontrar em velórios pois olhavam uma para a outra e caiam na gargalhada. Era um vexame!
Chegou uma época que elas se telefonavam, como tinham muitos mortos em comum, para combinar horários de ir aos velórios para que não se encontrassem.
Aí, a mãe me contou que uma vez presenciou um ataque de risos coletivo em um velório em Quaraí. O defunto, não lembrava direito quem era "parece que era um parente do Dr. Prates" me disse.
Contou que o velório seguia normalmente em um clima de Macondo. Comentários sobre a agonia do falecido e outros tipo "morreu como um passarinho", quando de repente chega uma moça com um belo arranjo de flores. Olhou o finado, rezou um pouco, arrodeou o caixão e não encontrou espaço para colocar as flores. Era morto importante, tinham muitas flores.
Ficou aquela situação de falta de espaço e todos perceberam o impasse. A moça, decidida, não teve dúvida: tascou o ramalhete de flores bem no meio das pernas do defunto. "Nos ovos!"
Conta a mãe que foi uma debandada geral. Todos saíram às gargalhadas.
E assim a viagem foi prosseguindo. Minha mãe, a caminho de uma cirurgia, celebrava a vida e ria da morte.
19 março 2008
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Sim...afinal, como está sua mama? Pela história, até parece que foi ela quem tomou as "PILSENs" geladas !!!!
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