18 junho 2008

Declaração de voto

Em 1980, com o Jornal Afinal já fechado, eu e o jornalista Jurandir Camargo respondendo processo na Lei de Segurança Nacional passávamos por maus momentos. O processo movido pelo então governador Jorge Bornhausen, indicado pelos militares, era a resposta à publicação, no Afinal, da famosa lista de 246 autoridades brasileiras com contas secretas na Suíça. Após prestar depoimentos no Tribunal Militar em Curitiba voltamos a Florianópolis com a certeza de condenação e cana dura. Já havia jurisprudência do caso com a prisão de jornalistas dos jornais Hora do Povo e O Pasquim. Tentando escapar da prisão, planejamos uma fuga para o Uruguai. Na época eu tinha apenas um filho com três anos e a esposa do Jurandir estava grávida. A situação era a pior possível. Sem trabalho e perseguidos, a todo o momento, por agentes do DOPS da capital. Esperidião Amin era Secretário dos Transportes do governo Jorge Bornhausen. Conhecido nosso, desde o tempo em que era prefeito de Florianópolis e nós repórteres do jornal O Estado. Mantínhamos uma boa relação. Ao contrário dos políticos carrancudos do PDS, Amin sempre foi aberto com a imprensa e mantinha um comportamento bastante liberal para a época. Foi o único a visitar o, hoje ministro, Gilberto Gil quando foi preso por porte de maconha em Florianóplis. Sem alternativa, fomos procurá-lo na Secretaria dos Transportes. O chefe de gabinete Antonio Amorim nos recebeu com surpresa. Batíamos pesado no governo e éramos tratados como inimigos. Logo fomos recebidos por Esperidião. Sério, não imaginava do que se tratava. Era apenas um pedido de ajuda pessoal para irmos para o Uruguai. Após algumas considerações, resolveu nos ajudar. Nos despedimos e, no outro dia, tomamos rumo sul. Ficamos três anos no Uruguai com um jornal semanal bilígüe. Anistiados em 1983, retornamos a Florianópolis onde fundamos o Novo Jornal, um quinzenal de oposição ao governo. Esperidião era o governador. Sempre teve “encaixe” para suportar as críticas. Pela atitude que teve quando me encontrava em uma situação extremamente difícil considero-o um amigo “ponta firme”. Como voto em amigos o meu voto para prefeito da capital é para Esperidião Amin.

Na volta do Uruguai, após três anos, visito o governador e agradeço a ajuda

3 comentários:

  1. Parabéns pela coragem da declaraçao Canga. Esse é o Esperidião, um cara do bem, e que nunca mudou de lado, mas que infelizmente, desperta ódio em alguns, por ser uma liderança muito forte e ter caráter reto.Muitos, tem nele um inimigo, ao invés de adversário. A gratidão é dos sentimentos mais nobres de um cidadão.

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  2. (Beicinho...) Fiquei com ciúmes... (risos).

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  3. Realmente, o Amin é uma figura "sui generis". Nunca simpatizei com as opções políticas dele, mas é impossível não gostar do cara, em dois minutos de conversa ele te conquista. O Dário vai ter que gastar muita grana pra se manter na cadeira de prefeito!

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