25 outubro 2008

A FALÊNCIA DAS IDEOLOGIAS

Olsen Jr.

Tentando explicar sua incompreensão de como tudo estava mudando rapidamente, o humorista norte-americano George Burns disse “Já faz muito tempo, mas ainda me lembro do tempo em que o ar era limpo e o sexo era sujo”.

A frase me chegou assim, abruptamente, enquanto observo o programa político na televisão. A mulher que está no vídeo é bonita, coisa rara em política, abstraindo a Rita Camata, e passaria fácil como uma modelo cooptada para pedir votos num horário gratuito, mais ou menos o que estava assistindo. Ela estava ali representando o PCdoB, que como se sabe, foi uma dissidência do PCB o “Partidão” criado em 1922 e que teve o Luis Carlos Prestes como expoente. Com a queda do muro em Berlim simbolizando a derrocada de um regime político, o partido comunista ficou ridículo até na Rússia, agora imagino o que significa isso, ser uma parte de um todo já liquidado em um país periférico?

Por ideologia entendo um conjunto de idéias, conceitos e comportamentos cultivados por uma coletividade e que têm o propósito de dissimular as mazelas que esta mesma coletividade produziu e quando se diz que há uma oposição a este regime, entenda-se que há um grupo com outro conjunto de idéias pretendendo o mesmo espaço para fazer a mesma coisa de outra maneira.

A filosofia, arte, direito, política, religião, são formas de ideologias porque se manifestam segundo interesses específicos de classes.

Quando éramos crianças as idéias estavam restritas as ocupações imediatas, as brincadeiras que nos absorviam todo o tempo; no ginásio, brigávamos para que as nossas idéias sobre como nos ocupar nas horas vagas triunfassem; na universidade estávamos dispostos a morrer para que as idéias que tínhamos herdado dos autores que líamos fossem adotadas, lembrei do jornalista H. L. Mencken “Morrer por uma idéia é um gesto inegavelmente nobre. E seria mais nobre ainda se pelo menos as pessoas morressem por idéias verdadeiras”.

Antes, quando havia partidos fortes no Brasil, eles eram fortes e respeitados porque defendiam idéias e cada um deles possuía os métodos para executá-las, era o que divulgavam nas campanhas políticas tentando popularizá-los (o partido e as idéias que advogavam). Operavam-se acordos, faziam-se coalizões, emprestavam-se apoios, mas todas as concessões tinham limites, as agremiações envolvidas não perdiam suas identidades de origem e quando aqueles que triunfassem num pleito se afastavam do que fora combinado, as alianças se rompiam, as coligações eram desfeitas e se partia para outra com energia redobrada.

Agora, perderam-se os escrúpulos. Os indivíduos se filiam a qualquer partido ou agremiação ou um grupo de seres, agregados, sócios de uma sigla, e nesse sentido tanto faz, se essa ou aquela, tudo é uma questão de oferta e procura com disponibilidade de recursos e promessas de lucros futuros, um balcão de negócios.

Como se reporta o escritor inglês George Orwell em seu livro “A revolução dos bichos”, no final, os animais triunfam sobre os homens e conquistam a fazenda e depois se reúnem para um jogo de baralho. Todos estão trapaceando, e quando a fraude se torna conhecida com dois jogadores expondo a mesma carta já não se sabia quem era homem ou quem era animal. Certamente, a convivência entre o cordeiro de uma ditadura enfrentando sempre o lobo de uma nova democracia.

É isso, mais ou menos o que acontece, estamos condenados a votar sempre no menos pior porque no fundo, ou só na superfície, não há nada que diferencie os candidatos, a não ser, claro, a pílula da nossa ilusão, edulcorada pela ambição desmedida de quem pretende torná-la necessária, o que não quer dizer muito, como sabemos porque poderemos dourá-la ou não a nosso bel prazer!

(Texto publicado originalmente no suplemento cultural “Anexo”, página 03, do jornal “A Notícia”, de Joinville (SC) no dia 24/10/08).

Um comentário:

  1. Filosofia e direito são ideologias porque se manifestam segundo interesses específicos de classe?

    Nunca li tamanho disparate. Isto apenas mostra que o autor ainda não saiu do nível ideológico.

    Ele deveria estudar um pouco de epistemologia pra não ser tão afoito.

    Barbaridade, Olsen!

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