Por: Olsen Jr.
Acompanhando o material que saiu na imprensa sobre o centenário da morte de Machado de Assis, diante de uma fotografia em preto e branco da Rua do Ouvidor, lembrei da primeira vez que fui ao Rio de Janeiro. Tinha 17 anos e fazia o primeiro ano de engenharia civil em Blumenau, mas não perdia de vista o fato de que pretendia “ser um escritor”. A escolha da engenharia era bronca antiga, uma vez que sempre fui mal a matemática, era movido pelo “espírito de contrariedade” como diziam na época.
No Rio, ficava na casa de minha tia-avó, Elvira Olsen Sapucaia (alô Dirce e Geovah?) na Rua Conde do Bonfim, Alto da Tijuca. Uma vez instalado, peguei um táxi e pedi “Rua do Ouvidor”... O cara ficou me olhando, talvez pensando “é o terceiro hoje”... Não falei nada, já curtindo o que iria encontrar lá.
Em minha cabeça estava claro que não faria nada no Rio sem antes conhecer a Ouvidor. Depois, tentei buscar algo, uma referência por onde começar, talvez, se tivesse sorte, poderia surpreender o Monteiro Lobato na única tentativa que fez para encontrar com Lima Barreto, saindo de um bar onde vislumbrou o escritor, mulato, engenheiro de formação, bêbado dormindo com a cabeça sobre os braços em uma das mesas, saindo sem acordá-lo... Comecei a rir comigo mesmo.
Quando fui à Buenos Aires pela segunda vez, já fazendo o curso de direito (aliás, a primeira vez tinha apenas passado por lá, rumo à
Acabo de ler “Paris Não Tem Fim”, de Enrique Vila-Matas, escritor espanhol e que cita alguns endereços (todos tirados do “Paris é uma Festa”, de Hemingway) como o 27 da rue de Fleurus (onde morava Gertrude Stein e Alice B. Toklas) e aquela obsessão em repetir os passos do escritor norte-americano (leit-motiv do personagem, alter-ego do seu livro), no bar
Os lugares freqüentados por pessoas famosas ganham uma aura duradoura, ficam eternizados, independente do vínculo que possamos ter com eles, a literatura permite esta certeza. Só uma constatação, agora que o jornalista Ney Vidal está organizando um livro para contar a história da “Kibelândia”, o bar mais antigo de Florianópolis, que mantém ainda a mística dos outsiders que o visitam desde o final da década de 1969 (quando foi fundado) e que sobreviveu ao período estratocrático mantendo a reputação de reduto de gente livre, inconformada e com idéias...
Falando nisso, continuo sendo contra!
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