05 março 2008

Filho com dúvidas

Acabo de receber do meu filho Jerônimo que está morando nos EUA o seguinte post:

Pai, o editorial dessa semana da revista TIME levanta uma boa questão, não só para o mundo do jornalismo, como para cidadãos ligados: jornalistas têm o dever de informar os leitores, não de tentar convencê-los em quem votar. Então porquê jornais ainda endossam certos candidatos?
Richard Stengel, editor-chefe da revista, escreve que nas eleições de 2004 para presidente dos EUA, 30% dos jornais em todo o país deixaram claro quais eram seus candidatos preferidos. E esse número provavelmente se repete ou aumenta esse ano, pois vejo editorias pipocando com seus votos, como o THE NEW YORK TIMES explicando para seu público que Hillary Clinton tem o melhor plano para a presidência, ou o DAILY NEWS convencendo aos seus que John macCain é a melhor opção para os republicanos.
Stengel diz que em tempos de extrema desconfiança do público com os meios de comunicação, principalmente dos jovens, que sentido faz endossar esse ou aquele candidato no editorial, quando isso soa (se já não o é) parcial e manipulativo, tão diferente da transparência e imparcialidade com que o jornalismo deveria operar?
"É contraproducente e um anacronismo. Leitores se perguntam: como um jornal pode ser objetivo na capa quando acaba por endossar um candidato no seu editorial? Existe a dúvida de que se o repórter que cobre a campanha de Hillary Clinton pode ser objetivo e transparente se o seu veículo apóia Barack Obama. E eles estão certos."
Me parece um grande retrocesso a toda a teoria da imparcialidade, e a quaisquer avanços que o jornalismo alcançou desde seu início, quando os jornais eram afiliados a partidos políticos.
Isso foi escrito nos Estados Unidos, mas quão diferente é a realidade do Brasil? Talvez pior: enquanto 30% dos jornais aqui falam abertamente sobre suas preferências, no Brasil temos uma mídia rabo-preso e tendenciosa que se disfarça de cordeiro e influencia por subliminação.
Beijo

Querido filho, aqui como aí, é tudo comprado. O governador Luiz Henrique da Silveira acabou de escapar de fininho de perder o mandato exatamente por ser acusado de...distribuir grana para a imprensa em perído pré-eleitoral. Todos sabem de tudo mas fazem de conta que não sabem. Nos EUA a coisa não é tão diferente mas já avançou um pouco. Já existe aí uma tradição de setores da grande imprensa assumirem publicamente o candidato que estão apoiando. Aqui, não existe este tipo de "coragem". Apostam em todos e no final "mamam" em quem vencer. O pior é que o que vence às vezes não foi apoiado pela imprensa mas mesmo assim acaba distribuindo "la plata" para ter a imprensa a seu favor.

Te amo Jê!

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